«Attention, le petit oiseau va sortir!»
Retrato que tem como foco o rosto, o Photomaton logo criou um tipo de representação que se tornou padrão para as fotografias de identificação.
Esta adorável cabine fotográfica, que já fez sucesso
no cinema em “O fabuloso destino de Amélie Poulain”, foi desenvolvido em Nova Iorque
em 1926, e até hoje mantém o seu charme com uma tendência estética vintage.
O Photomaton representa um importante marco para a história do retrato fotográfico, pois assinala a popularização vindoura dos dispositivos fotográficos automáticos. Com o Photomaton, o retrato inaugura um novo regime do olhar, libertando o retratado do olhar assimétrico do fotógrafo. Dentro da cabine, o indivíduo está isolado e tem, por isso, privacidade para ignorar inclusive as instruções da máquina em relação à pose (Attention! Tournez la tetê à droite, fixez la croix au-dessus du miroir... et souriez!), e se colocar ante a objetiva como bem entender.
Nos retratos Photomaton, geralmente tirados sozinho ou
em dupla, figuram indivíduos que se expressam mais à vontade diante do
dispositivo fotográfico, menos rígidos em relação à pose, à vestimenta, à
gestualidade. Da mesma forma, o interior da estreita cabine e o seu fundo
monocromático aliviam a carga social que tinha o estúdio e o ato de tomada da foto - como nos tempos do carte de visite, por exemplo.
Nesse momento, o retrato se aproxima ainda mais da
idéia de auto-retrato, pois livre do olhar do fotógrafo, cabe tão somente ao
indivíduo, em sua idiossincrasia, constituir uma auto-representação diante da
objetiva.
As possibilidades criativas despertadas dentro desta
cabine, que tem inegavelmente qualquer coisa de mágico, também foram celebradas
por muitas artistas, como André Breton. Em 2011, Raynal Pellicer lançou um livro* que conta a
história do Photomaton e aborda os seus usos sociais, inclusive no campo da
arte contemporânea.
E para quem ficou com vontade de se aventurar dentro
de uma destas cabines, eis aqui uma graciosa versão digital: photocabine.com
E, é claro, há também quem guarde os seus traumas destes autômatos...
*Pellicer, Raynal (2011) Photomaton. Paris: Édtitions La
Martinière.
1 comentário:
Felizmente que o passarinho já se soltou e podemos ter o prazer de ler as tuas palavras!
Só falta uma coisa: activar o news feed!
;-)
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