Não sei se sou otimista em pensar que este mundo chegará lá, mas estive a imaginar como serão os museus do século XXII, e como será o trabalho dos investigadores que se interessarem pela arte e pela cultura visual do século XXI.
Não me refiro ao espaço dos museus especificamente (hoje já é possível fazer visitas virtuais a vários museus do mundo sem sair da frente do computador), mas aos arquivos e acervos.
Cada tempo e sociedade têm a sua arte e a sua forma de expressão que surgem de acordo com o que os modos de produção e as tecnologias existentes possibilitam. Desde a década de 1950, os modos de expressão artística vem se tornando cada vez mais efêmeros. Os happenings são um exemplo disso. A obra de arte desaparece no momento em que a performance acaba, o que ficam são os registros visuais em vídeo ou fotografia, hoje feitos em suporte digital.
De todo modo, há uma tendência para a desmaterialização não só da arte, mas da imagem em geral, o que não se configura propriamente como um problema, a questão é só que às vezes um arquivo digital pode ser tão ou mais frágil do que um suporte em papel, por exemplo.
Então, como criar uma economia da imagem que seja capaz de sobreviver à era do efêmero? Como seria uma futura arquelogia da imagem fotográfica? No século XXII, o que encontrarão os investigadores sobre os nossos dias? Como saberão como eram os nossos ritos de passagem, as nossas férias, o nosso cotidiano, a nossa moda, as nossas ruas? O que faremos com os nossos arquivos digitais?
Sem comentários:
Enviar um comentário