Roman Zaslonov, Le Divan Rouge (35” x 58”) |
Eu tomaria um café com o Woody Allen. Nos dias de neurose, eu tomaria um café com o Woody Allen. Ele me entenderia. Ele tem aquela verborragia típica de mulher quando está hormonalmente alterada. Eu falaria de amor, e de sexo, e das coisas que sinto e que mente nenhuma seria capaz de perdoar, além da dele. Depois sairíamos cruzando desastradamente as ruas de Nova Iorque, até nos perdermos um do outro para sempre.
Eu tomaria um gin com Tarantino. Nos dias raivosos, eu tomaria um gin com o Tarantino. Ele me entenderia. Eu falaria de toda a carnificina que passa pela minha cabeça e que mente nenhuma seria capaz de imaginar, além da dele. Depois sairíamos dirigindo perigosamente à noite pelas estradas mal iluminadas do Texas, até ele se encantar por alguma história de samurai e nos perdermos um do outro para sempre.
Mas se eu pudesse mesmo escolher o meu roteirista, eu tomaria um chá com a Norah Ephron – e comeria um quilo de cookies de chocolate sem engordar. Para viver feliz para sempre, eu tomaria um chá com a Norah Ephron. Ela me entenderia. Eu falaria de como quero que seja a minha próxima história de amor: com encontros, desencontros, confusão, chuva, um cão perdido, um bilhete de amor encontrado, um beijo roubado e um happy ending como mente nenhuma seria capaz de prometer, além da dela.
Sim, eu tomaria um chá com a Norah Ephron e pediria a minha estréia para já: Coming soon! Starring... Eu! Ora, Hollywood me ensinou a amar e prometeu que todos têm direito a um final feliz. Então, ou me dá o meu final feliz, ou devolve o meu dinheiro, ou paga o meu divã.
Muito bem, eu sei que já não sou nenhuma criança para acreditar em Hollywood... Acho que vou começar a investir no cinema alemão. Quero apenas o meu dinheiro de volta. E você, Hollywood, procure um psicanalista! A sua visão sobre o amor é muito idealizada e deslocada da realidade. Fique sabendo que isto pode causar sérias frustrações. Basta ver o que se tornou a carinha bonitinha da Meg Ryan.
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