19 de maio de 2013

acertar o passo



Num desses dias de flanêrie, sentei-me num banco a observar as pessoas e as ruas. Logo um simpático casal de velhinhos atravessou o meu olhar e fisgou-me a atenção. Mais do que os cabelos brancos, eles tinham em comum o andar: ambos pendiam o corpo para o mesmo lado, ao caminhar eles mancavam da mesma perna. Será que isto devia-se ao facto de terem ajustado os passos, enquanto esforçavam-se por andar lado a lado, ao longo da vida?   
Comecei a observar os demais casais que passavam, sobretudo os idosos. Era curioso ver como a maioria deles havia acertado o passo, mesmo se um dos dois tinha as pernas mais compridas, ou andava com passinhos mais curtos ou mais largos, mais leves ou mais pesados. Pareciam estar a ouvir a mesma música. Teriam eles acabado por se recomporem, entre contratempos e novos compassos, para seguir o mesmo andamento?  No fundo, estar com alguém é isto, é (querer) acertar o passo. Sem acertar o passo, um sempre acabará ficando para trás.  

Foto de Tomasz Lazar


Tiê | Só sei dançar com você


1 comentário:

catarina wheelhouse disse...

Tão linda que és, e porque és linda, sinto-me obrigada a dizer-te que:
Minha querida, é preciso acertar o passo, todos os dias ;-) Se não acertarmos o passo, ficamos sempre desconcertados e um sempre acabará andando em um outro tempo. Mas só é preciso acertar passos se ambos quiserem acertar tempos.
Se há alguém que fica para trás porque não quis acertar passos, é porque há alguém que vai à frente. É óbvio, não é? ;-) The question is to think that, sem acertar o passo, um sempre acabará ficando um passo à frente (nunca atrás) ;-)