Se o
mundo fosse mesmo acabar em 2012, como dizem as profecias apocalípticas, e
somente nos fosse possível deixar um único retrato como vestígio da aparência daquilo
que foi o “ser humano”, uma síntese da nossa figura, que imagem escolheríamos? Qual
é a imagem que lhe vem à cabeça quando pensa no “ser humano”?
Esta pergunta surgiu-me ao ver o livro de Portraits do fotógrafo americano Steve McCurry e observar a diversidade visual humana. Retomando Aristóteles, Ortega y Gasset diz que as coisas diferentes se diferenciam justamente por aquilo em que se assemelham, ou seja, por uma dada característica comum. “É porque os corpos têm todos cor que notamos que um tem uma cor diferente dos outros”. Mas para perceber a diferença é preciso ver os diferentes corpos. E porque é arbitrário estar sempre a mostrar as mesmas narrativas e os mesmos tipos como se fossem universais; e porque seria arbitrário escolher uma única imagem que tentasse abranger toda a diversidade humana, que eu não deixaria retrato nenhum. E que o resto do universo ficasse a especular que nós tínhamos penas, cauda, uma cabeça mínima, um polegar opositor e apenas mais outro dedo.
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Marseilles, France |
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Bamiyan, Afghanistan |
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Omo Valley, Ethiopia |
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Chiang Mai, Thailand |
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Los Angeles, California, USA |
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Lake Chad, Chad |