Eugène Atget, 1927, Berenice Abbott
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Reunindo obras da George Eastman House de Rochester provenientes da coleção de Man Ray e de coleções da Fundación Mapfre, de Madri, o Musée Carnavalet apresenta até 29 de Julho de 2012, uma retrospectiva da obra de Eugène Agtet com a exposição de 230 imagens de Paris realizadas pelo fotógrafo entre 1898 e 1927, e mais uma série de fotos de Emmanuel Pottier.
Eugène Agtet é reconhecidamente um dos precursores da fotografia
moderna. É o fotógrafo das primeiras décadas da Paris do século XX, período que
assinalou profundas mudanças na paisagem da cidade.
Fotógrafo de uma época em que o principal cartão postal da capital
francesa ainda não era a Torre Eiffel, Agtet
lançou o seu olhar sobre as ruas, jardins, parques, cruzamentos, pequenos comércios, vendedores ambulantes e cenas urbanas onde as
pessoas aparecem muitas vezes como vultos, tirando assim o protagonismo da
paisagem humana num período em que a fotografia prestava-se,
sobretudo, à retratística.
"Ter fixado localmente esta evolução é o significado sem paralelo de Agtet que fixou as ruas de Paris vazias, por volta de 1900. Com muita razão, disse-se dele que as fotografava como um local de crime. Também o local do crime é vazio, sem pessoas. O seu registro fotográfico destina-se a captar os indícios. Os registros fotográficos, com Atget, começam a tornar-se provas no processo histórico" (Benjamin, 1936, p.87-88).
Ator e também pintor, foi na fotografia que Eugène Atget encontrou
a sua melhor forma de expressão. Carregando a sua pesada câmera, de cerca de 15
quilos, pelas ruas de Paris, Atget transformou a cidade em imagens que serviram
como modelo e inspiração para muitos artistas realizarem as suas obras e como
documentos visuais que despertaram o interesse de instituições como o Musée Carnavalet, museu que salvaguarda a história de Paris e que se tornou um dos principais clientes do fotógrafo,
comprando boa parte de sua produção.
Au Tambour, 1908, Eugène Atget, Tirage sur papier albuminé Paris© Eugène Atget / Musée Carnavalet |
A obra e o olhar de Agtet sobre Paris influenciaram fortemente
outros fotógrafos da cidade, como Emmanuel Pottier, seu contemporâneo, praticamente desconhecido, além de artistas surrealistas, como Man Ray, que também acabou por adquirir muitas das fotografias de Atget. Nesse percurso, é imprescindível assinalar a importância do trabalho de Berenice Abbott, fotógrafa nova-iorquina assistente de Man Ray, que recolheu provas e negativos fotográficos de Agtet, material que ganhou notoriedade em 1927 com a exposição "La Revolution Surrealiste", comissariada por Man Ray.
Angle des rues de Seine et de
l’Échaudé,
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A exposição é realmente um deleite para os olhos de quem tem a possibilidade
de flânerier por Paris e para quem se
interessa por fotografia. O melhor é sair da exposição buscando nas ruas da
Paris de hoje a antiga Paris e o olhar de Agtet.
Anúncio da exposição, Paris.
p.s.: acabei de encontrar, por acaso, o site da Bibliothèque Nationale de France - Gallica | Bibliotèque numérique, com várias fotografias do E. Atget e com a descrição completa da imagem :) J'adore la France!
http://gallica.bnf.fr/ark:/12148/btv1b3100065n
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